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domingo, 28 de janeiro de 2018

Cães surdos: a vida com eles

Este ano quero escrever mais sobre este assunto. Por quê? Porque Suzie, nossa magrelinha de 13 anos, já está há quase 1 ano sem escutar mais. Hoje vou contar um pouco de como estamos lidando com isso.

Descobrimos porque ela simplesmente parou de vir nos receber quando chegávamos. Achávamos que fosse apenas preguiça... mas depois, quando nos via, fazia uma festinha boa. Na hora das refeições, não vinha quando a chamava, o que achei muito estranho, pois o "vem" dela é impecável, em qualquer situação.

O teste final foi com a frase "vamos passear". Não respondia. Nem quando sussurrávamos nos seus ouvidos (sim, testamos nos dois). Surda como uma portinha... Claro que isso foi meio que um choque e pensei "como ela vai lidar com isso?". Lidou suuuuper bem.

Ela tem uma rotina estabelecida, mesmo que algumas vezes a gente saia da rotina (o que também pe benéfico), e isso a ajuda a saber mais ou menos os horários em que nos levantamos, dos passeios, quando saímos de casa, quando é pra ela ficar ou quando é pra ir junto etc.

Outro fator que ajudou muuuito foi o fato de conviver com um cão que ouve: Pistache. Ele é como o sentinela dela: se ele se agita, ela sabe que tem algo acontecendo. Então ela nos "ouve" quando acordamos e entramos na cozinha porque ele a avisa, com as atitudes dele. Ela ficou mais atenta ao irmão e consegue perceber nossa movimentação na casa e o que queremos deles.

Nossa senhorinha linda e super adaptada
ao mundo silencioso onde agora vive.
Mas... e os treinos? Adaptei os comandos que ela já conhecia a gestos (alguns ela já conhecia os gestos, outros não). Palmas ela ouve, então bato algumas palmas quando quero q ela olhe para mim (não me perguntem porque ela ouve as palmas... e não, não é porque ela as VÊ... ela pode estar de costas, mas precisa estar no mesmo ambiente ou, no caso do quintal, não muito distante). O resto ela já entende, seja com posições corporais minhas, seja com gestos que eu faça com as mãos. Exemplo: o fica é com a palma da mão aberta, virada pra ela. Para ela não passar pela porta antes do passeio, eu estico a minha perna na frente dela. O "OK" é eu fazendo um carinho diferente nela; o "olha pra mim" tem dois jeitos: eu aponto pro meu nariz, quando ela está mais focada em mim e quero q ela mantenha contato visual OU eu dou dois toquinhos no bumbum dela com meus dedos, de leve, daí ela sabe q é pra olhar pra mim. E por aí vai.

Assim vamos ajudando nossa pequena a lidar com um mundo silencioso agora, para ela não assustar com a gente e nem com o que aconteça à sua volta.

De quebra, temos que ensinar as meninas a não tocar nela bruscamente se ela estiver dormindo: ela não vai morder, mas ela assusta e temos evitado sustos e grandes emoções por conta da condição dela: tem sopro cardíaco.

Por enquanto é isso. Vou publicar mais coisas do tipo aqui, porque assim como ela tem aprendido a lidar com o silêncio do mundo, eu tenho aprendido a lidar com um cão que não escuta mais nada.

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